Estive refletindo acerca das relações entre as pessoas.
Isso porque, nos breves momentos em que vejo televisão, uma pessoa disse a seguinte frase: "Estou pronta para a guerra!"
A frase, por si, já é forte, claro. Mas depende do modo como é dita. A palavra guerra pode significar simplesmente um árduo trabalho, uma tarefa difícil. Porém, não foi esse o caso. A frase significou, para a pessoa que disse, que ela está disposta a qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, para obter o resultado esperado.
Nem importa muito quem disse e o contexto. O que me chamou a atenção, é que o comportamento das pessoas mudou muito, e que tratar o relacionamento humano como uma forma de absoluta competição, é a coisa mais normal.
É bastante comum recebermos telefonemas de vendedores (televendas) insistindo em nos "informar" acerca de um serviço ou um produto. E "os melhores vendedores", para as empresas, são aqueles que são "arrojados", impetuosos, persistentes.
Mas acontece que essas qualidades estão desvirtuadas, ou seja, o jovem vendedor não é "arrojado", ele é grosseiro. Ele não é persistente, ele é sem educação. Se você se aventura a dizer que não quer o serviço ou o produto, ele logo pergunta: "mas por que o senhor não quer?" Ele liga pra você, e logo pergunta: "com quem estou falando?" Como se fosse normal eu bater na porta de alguém que não conheço e perguntar o número do seu CPF!
Para um tanto de gente, a educação se restringe nos "bancos cinzas". O banco cinza, aqui em São Paulo, é aquele assento do Metrô, destinado às pessoas em condições especiais, como gestantes, idosos ou deficientes físicos. Se ele estiver num banco normal, que não seja o cinza, simplesmente não está nem aí! Pode parar o Matusalém ao lado dele, que ele permanecerá indiferente.
Outro fato que chama minha atenção é o relacionamento sem fronteiras que existe hoje, por meio da internet. Eu particularmente, acho ótimo, porque permite a troca de idéias e de experiências de maneira imensurável e sem restrições. Meu blog é isso.
Contudo, observo que as pessoas também confundem a idéia, e acham que a superficialidade é normal, que o relacionamento é com uma máquina, e não com uma outra pessoa. A partir daí, tudo acontece, desde a falta de educação, de consideração e de respeito, até o simples "deletar", tão automático e instantâneo como a queima de um chip. Quero dizer, se a pessoa não quer mais se relacionar, basta apertar a famosa tecla DEL, e tudo está resolvido. É o poder de um mágico, que, ao não gostar de alguém, faz este alguém desaparecer com sua varinha mágica.
E por mais incrível que possa parecer, as pessoas acham isso normal. Elas estão "prontas para a guerra". Como se isso fosse mesmo uma grande virtude. Acham que a educação, que o bom senso e o respeito fazem parte de um passado (não tão distante), uma época meramente "romântica". E que tudo e todos, estão num grande campo de batalha, rodeados de inimigos e de competidores. São, na verdade, predadores... de um ser humano melhor.
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